quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma Nova Fase!

Em Janeiro de 2009, comecei a trabalhar em uma fábrica de refrigerantes e fui seguindo a vida normalmente... dando tempo ao tempo. Deixei de buscar a maternidade... esqueci realmente! Em dezembro de 2009, fui promovida na empresa, estava radiante, vivendo um momento profissional excelente.
Quando foi em Janeiro de 2010, já na nova função e totalmente "atolada" de serviço e também de responsabilidade, minha menstruação atrasou. Como estava bem reguladinha desde a perda do meu terceiro anjinho, achei estranho. Aproveitei que tinha uma guia de Beta HCG guardada, esperei atrasar uns 7 dias para fazer o exame.
No dia que tomei coragem de fazer, começou a descer uma borrinha marrom... fiquei preocupada pois se eu estivesse realmente grávida, aquela borrinha era preocupante. Eu havia feito o exame em um laboratório diferente do que eu estava acostumada e o resultado demorou à sair( 2 dias aproximadamente). Eu já estava quase paranóica né... quando no dia que peguei o resultado, a monstra desceu de vez... Negativo! Confesso que fiquei um pouco frustrada, mas lembrei do pedido que eu havia feito para Deus há 1 ano e 2 meses atrás... me conformei.
Em Fevereiro, descobrimos que meu Pai estava com câncer no fígado. Ele havia feito há pouco tempo uma cirurgia para retirada de um tumor no estômago e este acabou afetando o fígado. O mês de março inteiro passamos fazendo exames nele e o quadro não melhorava. O resultado dos exames mostraram que seria necessário uma nova cirurgia, mais simples do que a anterior... apenas para colocar um dreno no fígado afim de retirar toda a secreção e o órgão voltar a funcionar normalmente. Parecia uma pesadelo se repetindo!!!
No dia 10/04/2010, estava em casa e na hora do banho me deu uma crise de choro, após namorar meu amor. Chorei horrores sem saber ao certo o motivo! Meu marido ficou todo preocupado perguntando o que havia acontecido... a única coisa que consegui falar foi que eu achava que não estava preparada para perder ninguém mais! Que não estava preparada para perder meu pai... ele me abraçou e pediu para eu ficar calma, pois nada aconteceria.
No dia seguinte, fui almoçar na casa da minha mãe e fiquei sabendo que a cirurgia do meu pai havia sido marcada para dia 16/04 e que seria necessário conseguir alguns doadores de sangue. No dia 15/04, dia do internamento, fomos ao hospital para acompanhá-lo e doar sangue. Nesse dia, após almoçar, passei muito mal e fiquei com medo de não poder doar, pois de 10 pessoas, entre tios, primos, etc, nenhum havia conseguido fazer a doação. 
Então, enquanto esperava a internação do meu pai, fui melhorando. Meu pai pediu para ir apanhar sol e então fomos sentar na frente do hospital. Naquele momento, enquanto estávamos ali sentados, "uma voz" me disse que era para eu marcar bem aquele momento, pois eu jamais o esqueceria.
Nesse momento, a enfermeira chamou pelo meu pai e nos avisou que não havia leito disponível e que meu pai precisaria voltar no dia seguinte pouco antes da cirurgia e em jejum, pois seria encaminhado direto para o centro cirúrgico. Nesse meio tempo, eu e eu marido fomos doar sangue, enquanto levavam o meu pai para casa... tadinho, ele estava no hospital desde as 13:00hrs e só foram nos avisar da indisponibilidade de interná-lo às 17:00hrs.
Fui até a casa do meu pai e dei um beijinho nele desejando-o boa sorte e pedindo à Deus que estivesse ao seu lado a todo momento! Ao chegar em casa, falei para o meu marido que Deus iria livrá-lo de todo o sofrimento, ou e um jeito, ou de outro...
Aquela sexta-feira foi terrível... a angústia por notícias era desesperadora... mal consegui trabalhar. A noite minha mãe me ligou, dizendo que a cirurgia tinha ocorrido bem, graças a Deus e que tudo indicava que até segunda-feira, 19/04, ele receberia alta. No domingo, 18/04, fui visitá-lo no hospital e ele parecia muito bem. Disse que provavelmente o médico daria alta na segunda-feira, pois dreno já não estava mais drenando nada (palavras da enfermeira tbm), que não estava mais sentindo tanta coceira pelo corpo (desde que o fígado parou de funcionar, ele começou a sentir coceiras pelo corpo e até estava todo ferido, pois só conseguia dormir com uma escova de cabelo a lado da cama para se coçar), eu também notei que ele não estava mais tão amarelo (outro "sintoma" da doença)... o quadro realmente aparentava muito bom.
No dia seguinte, dia da provável alta, minha mãe foi vê-lo no hospital e disse que ele estava bem, mas que o médico não havia falado nada de dar alta. Na terça-feira, dia 20/04, minha mãe foi novamente visitá-lo e levou um susto... quando ela estava à caminho do quarto, as enfermeiras estavam trazendo o meu pai na maca (ela na hora pensou que ele estava morto)... estavam encaminhado ele para fazer uma tomografia e ele estava aos prantos, pois estava sentindo muita dor. Na tomografia, os médicos identificaram que o dreno não estava drenando na verdade, porque não estava funcionando e não por não haver mais secreção. Precisaram mexer no dreno e colocar um catéter para ajudar... me pai só sabia reclamar de dor!
No dia 21/04, feriado de tiradentes, fomos todos ao hospital. A primeira pessoa que entrou para vê-lo foi minha tia, que ao sair do quarto, pediu que nos preparássemos psicológicamente para vê-lo, pois ele estava sentindo bastante dor, gemendo bastante e estava totalmente diferente do que tínhamos visto no domingo. Eu fui a penúltima pessoa a subir... o horário de visita estava quase acabando. Ao chegar lá no quarto, meu pai mal conversava... só sabia gemer de dor e passar a mão na barriga. Ele não tinha comido nada o dia todo... não conseguia, por causa da dor. Tentei dar à ele um cafézinho que tinham deixado ali e ele recusou. Perguntei para a enfermeira se não estavam dando nada à ele para aliviar a dor e ela disse que já haviam aplicado remédio no soro duas vezes, mas não estava adiantando... então estavam esperando o médico para ver. O horário foi apertando e ainda faltava meu tio para vê-lo... eu não queria de jeito algum deixá-lo... meu coração estava aos prantos, embora eu tivesse conseguido me manter firme e nao chorar na frente dele. No fundo eu sabia que ali era nossa despedida. Dei um beijo em seu rosto, pedi a benção e cheguei pertinho do ouvido dele e disse: "Pai, eu Amo o senhor!" e ele mes respondeu, "Eu também te amo"... saí do quarto e não consegui conter as lágrimas... fui para a casa da minha mãe. Ela, devido ao susto do dia anterior, resolveu não ir até o hospital neste dia e ao chegar, ela já me perguntou como ele estava. Não sabia o que dizer... inventava que ele estava bem? ou contava para a ela a verdade?? bom, resolvi que ia fazer as duas coisas... disse a ela que ele estava reclamando um pouco de dor, mas que estava bem. Fui para casa desolada... coração apertado por ter visto ele daquele jeito e também por ter que omitir o real estado dele para a minha mãe.
Naquela noite, fui dormir chorando muito! Rezei bastante e pedi à Deus que o livrasse daquele sofrimento. Não queria ser egoísta pedindo para Deus mantê-lo do nosso lado, sabendo que ele não estava bem. "Entreguei" a vida do meu pai nos braços do Pai maior! Fui trabalhar no dia 22/04 totalmente sem condições psicológicas! Meu tio e minha tia tinham ido no hospital cedo para conversar com o médico. Liguei no celular do meu tio eram mais ou menos umas 09:30hrs e ele me disse que meu pai não estava nada bem. Que ele havia gritado a noite inteira de dor... estava com uma sonda pois havia vomitado Sangue durante a madrugada... ao longe, pude ouvir os gritos do meu pai. Fiquei ainda mais angustiada... não tinha cabeça nenhuma para trabalhar! Só conseguia pensar em uma coisa... meu marido me ligando a qualquer momento, me dando a notícia de que meu pai havia descansado. Às 11:30hrs, estava conversando com o meu marido pelo msn, dizendo à ele que iria almoçar com o meu chefe pois queria pedir à ele para me mandar embora, pois não estava nada satisfeita com o meu trabalho. Depois de alguns minutos sem ele me responder, o telefone toca... quando atendi, meu marido falou com uma voz bem entristecida: "Amor, estou indo te buscar, o pai descansou."
Na hora comecei a tremer... não conseguia chorar, não conseguia falar... só tive forças para ligar no ramal do meu chefe, dizendo que eu estava indo embora pois meu pai tinha falecido. Subi até a minha sala (recebi a notícia na recepção) para pegar minhas coisas e desci já aos prantos... fui esperar meu marido na portaria. Não conseguia parar de tremer... chorava desesperadamente. Meu marido chegou e fomos direto para a casa da minha mãe. Embora estivéssemos de certa forma esperando, não conseguíamos acreditar que aquilo estava acontecendo! Uma cirurgia, como disse o médico, simples... acabava de tirar da gente o nosso pai. Passamos a tarde toda correndo atrás dos papéis pra a funerária, acertando o velório, etc... à noite, enquanto estávamos esperando a funerária a visar que estava levando o corpo para a capela, desandou a chover. Gente, não parava mais... era muita água!!! Por volta das 20:00hrs, ligarm informando que estavam indo para a capela e nós nos encaminhamos até lá. No caminho, ruas alagadas, árvores caídas e o bairro tod sem luz. Chegamos no cemitério e lá também estava sem luz... precisamos colocar velas por toda a capela. A luz só voltou às 23:40hrs mais ou menos...
O enterro foi no dia seguinte às 11:30hrs... fomos para casa e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser como e com quem minha mãe iria ficar. Ela tem problema de audição... não fazia nada sozinha. Meu pai estava sempre a acompanhando em consultas e etc e agora ela estava de certa forma sozinha, pois todos nós trabalhávamos. Passei o final de semana todo angustiada pela perda do homem que eu tanto amava e pela situação que teríamos que resolver com urgência.
Cheguei na segunda-feira no trabalho e fui direto conversar com meu chefe. Disse à ele que eu não podia trabalhar mais, que precisava ficar com minha mãe e não conseguia pensar em outra coisa que não fosse isso. Ele conversou bastante comigo, pediu que eu fosse para casa e ficasse quantos dias precisasse e depois, com a cabeça fria, conversaríamos novamente sobre isso. Foi o que eu fiz... minha mãe pediu para que eu não saísse do emprego e como argumento, o fatal na verdade, disse que meu pai se orgulhava muito de mim e da minha dedicação profissional... Voltei a trabalhar e assim permaneci. A dor ainda era insuportável... eu passava o dia bem, mas à noite... não conseguia dormir direito... chorava todas as noites. Foi assim durante pelo menos 1 mês... até que sonhei com o meu pai. Ele me pedia para não chorar mais e dizia que estaria sempre ao meu lado! Depois disso, parei de chorar... a saudade ainda era enorme, mas o sofrimento em si, havia sido "superado" pelo pedido que ele me fez.
Comecei a ter conciência de que, havia perdido meu pai, mas acabava de ganhar mais uma intercessor no céu!
As coisas na minha vida, depois de mais este sofrimento, passaram a se encaminhar de uma forma um tanto surpreendente. Aproximadamente 2 meses depois de perdê-lo, recebi uma "promoção" financeira. Passei à responder pelo meu e por mais um setor na empresa. Com as coisas se encaminhando desta forma, decidi que ia começar a fazer aquilo que tanto queria, mas ate então não tinha tido oportunidade... começar a minha Faculdade! Fiz o vestibular e passei... fiquei tão emocionada, chorei tanto.. à todo tempo lembrava o meu pai e imaginava o quanto ele ficaria orgulhoso ao me ver na faculdade.
No fundo eu sabia que ele estava me olhando... de onde ele estivesse, com certeza estaria muito orgulhoso...

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